Capítulo 62
David Bellerose Neto
Chegar em casa foi aquela cena clássica que nunca perde a graça: Matthew acordando ao ouvir a porta, sorrindo como se a gente tivesse desaparecido por meses, Lavínia abraçando cada cômodo como se estivesse reencontrando velhos amigos, e eu… eu só agradecendo mentalmente por ter exatamente aquilo.
A vida grande, linda e absurda que eu tinha sonhado um dia.
Nos dias seguintes, tudo voltou ao ritmo natural.
Eu acordei às cinco e meia. Alongamento, café rápido, beijo no rosto da minha linda mulher e treino.
Lavínia acordava depois e levava Matthew para a primeira aula do estúdio. Às vezes, eu passava lá na volta e via pela janela aquele lugar cheio, vivo, cheio de gente que só queria dançar.
Toda vez que eu via, meu coração fazia um estalo estranho, como se dissesse:
Ela nasceu pra isso.
E aí, enquanto eu via o estacionamento do estádio se aproximar, aquele mesmo pensamento me pegava:
E eu nasci pra isso aqui.
Era bonito… mas também começava a ficar aperta