Eu não conseguia pensar. Em absolutamente nada além daquelas palavras que ainda ecoavam em minha mente. As mãos de Isabel, os olhos dela carregados de um pesar que perfurava mais do que qualquer punhal. As palavras sussurradas sobre sacrifício, sobre o preço, sobre tudo que eu perderia.
Damon fechou a porta da casa com um empurrão manso e se virou para mim. Seu olhar corria em meu rosto, tentando adivinhar cada pensamento que passava rápido demais.
— Está com fome? — a voz grave e baixa que eu já conhecia, mas que agora parecia tingida de um cuidado mais espesso.
Neguei com a cabeça, os fios ruivos balançando ao redor do meu rosto.
— Não... Depois de tudo que ouvimos, eu não consigo pensar em nada pra comer.
Ele se aproximou em dois passos e, sem uma palavra, segurou firme minha cintura e me ergueu, sentando-me sobre a mesa de madeira da cozinha. Suas mãos estavam frias, mas firmes. Seu corpo pairava rente ao meu, a respiração dele mais lenta e controlada.
— Eu não gosto dessa ideia.