CAPÍTULO 50 – SER OUVIDO
ANA
A casa acordou num ritmo diferente naquela manhã.
Não era pressa.
Era expectativa.
Theo desceu as escadas pulando os últimos degraus, segurando um carrinho azul, narrando uma história só dele. William já estava na sala, falando ao telefone em inglês, com aquele tom firme que eu já conhecia tão bem.
— Sim, amanhã cedo. Quero alguém experiente. — fez uma pausa. — Em casa.
Quando desligou, Theo parou na frente dele.
— Papai?
— Oi, campeão.
— Você vai trazer alguém pra morar aqui?
William franziu o cenho.
— Não morar. Um professor particular. Para te ensinar algumas coisas.
Theo inclinou a cabeça.
— Aqui?
— Aqui — confirmou.
O silêncio que se seguiu não foi de empolgação.
Foi de confusão.
Theo olhou para mim.
E eu senti.
---
THEO
— Eu não quero professor aqui — disse, cruzando os braços.
— Por quê? — William perguntou, sem dureza.
— Porque aqui é casa — respondeu. — Escola é outro lugar.
Fiquei surpresa com a clareza dele.
---
ANA