CAPÍTULO 36 – A PRIMEIRA JOGADA
ANA
Eu acordei com a sensação estranha de que algo ia dar errado.
Não era medo.
Era alerta.
A casa ainda estava silenciosa quando fui até a cozinha preparar o café. Theo dormia, os pais de William ainda não haviam descido, e Dafne… não estava em lugar nenhum.
Foi quando ouvi passos atrás de mim.
— Você acorda cedo demais — ela disse.
Virei devagar.
— Theo costuma acordar cedo.
— Theo não está aqui agora — respondeu, apoiando-se na bancada. — Somos só nós duas.
O tom mudou.
— O que você quer dizer com isso? — perguntei.
Ela sorriu.
Não foi o sorriso educado de sempre.
— Quero dizer que você ocupa um espaço que não é seu.
Meu estômago revirou.
— Eu cuido do Theo.
— Você faz mais do que isso — retrucou. — E finge não perceber.
— Não estou fingindo nada — respondi, firme. — Apenas faço meu trabalho.
Ela riu, baixo.
— Ingênua… ou conveniente.
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DAFNE
Ela precisava entender.
— William não se envolve — continuei. — Ele controla. E quando perde o controle, ma