CAPÍTULO 14 – PRIMEIRA MANHÃ EM TORONTO
ANA
Acordei com um sol tímido atravessando a cortina grossa do quarto. Por um segundo, esqueci onde estava. O teto alto, a cama enorme, o silêncio absoluto… nada disso se parecia com o orfanato. Nem com o quartinho apertado que eu dividia antes de me despedir de tudo e de todos.
Respirei fundo.
Toronto.
Eu realmente estava aqui.
Sentei devagar, sentindo o peso suave do cobertor ao deslizar pelas minhas pernas. Tudo parecia novo, grande demais, sofisticado demais… e assustador ao mesmo tempo. As malas estavam no canto, ainda fechadas. Eu não havia conseguido abrir nenhuma noite passada — o cansaço da viagem tinha me derrubado assim que toquei a cama.
Uma batida leve ecoou na porta.
— Ana? — A voz de Theo. Calma. Atenta. — Tá acordada?
Sorri sem perceber. Theo tinha esse efeito em mim: familiaridade.
— Tô sim! — respondi, levantando. — Pode entrar.
A porta se abriu devagar e ele apareceu com o cabelo bagunçado, como se tivesse acordado fazia pouco