SavannahA luz que atravessa a pequena janela me desperta. Piscando algumas vezes, sinto o corpo pesado contra o colchão, mergulhado em um calor confortável.Demoro alguns segundos para entender onde estou, até que flashes da noite passada voltam com força.O bar.A bebida.Ryder aparecendo.O carro.O beijo.O apartamento dele.O abraço na cama.Meu rosto esquenta.Viro para o lado, esperando encontrar um corpo quente e tatuado ao meu lado, mas, em vez disso, vejo um grande monte de pêlo dourado me encarando.— Bear — murmuro, soltando uma risada baixa ao vê-lo deitado no lugar de Ryder.Ele abana o rabo e se aproxima um pouco mais. Deslizo os dedos por sua cabeça macia e suspiro, sentindo um misto de vergonha e ansiedade pelo que aconteceu ontem à noite.Foi longe demais?Minha mente começa a trabalhar rápido demais, mas então o cheiro no ar me tira desses pensamentos.Café. Algo doce... Panquecas?Curiosa, me levanto e sigo o aroma.E quando o vejo, parada à porta da cozinha, sinto
SavannahDepois da manhã incrível que tivemos, a realidade começa a bater à porta. Já está quase na hora do almoço, e eu sei que preciso sair do apartamento de Ryder antes que alguém me veja.Com o coração ainda acelerado e o corpo leve, visto minhas roupas e deslizo para fora do apartamento, prendendo a respiração a cada passo. O rancho está movimentado, mas, com sorte, consigo evitar qualquer olhar curioso. Quando estou prestes a cruzar a varanda e me considerar segura, uma voz carregada de sarcasmo me faz congelar.— Bem, bem... olha só quem está tentando fugir como uma ladra no meio do dia.Fecho os olhos e solto um suspiro. Droga.Me viro lentamente e encontro Hunter, braços cruzados e um sorriso zombeteiro nos lábios.— Não enche, Hunter — murmuro, tentando passar por ele.Mas, claro, ele bloqueia meu caminho, se divertindo com a situação.— Então... como foi sua noite? — pergunta, erguendo uma sobrancelha. — Ou melhor... sua manhã?— Você não viu nada — aviso, apontando um dedo
RyderO jantar transcorre entre risadas e conversas animadas. Pela primeira vez em muito tempo, sinto-me verdadeiramente relaxado. Sem a habitual tensão nos ombros, sem a sombra persistente de frustração que se tornou minha companheira constante.Olho ao redor da mesa e percebo como esses momentos são raros. Minha família reunida, a casa cheia. Até Savannah parece fazer parte disso como se sempre tivesse pertencido a este lugar.No meio da refeição, encaro Landon e pergunto:— Então, quais são seus planos? Vai ficar muito tempo ou logo estará de volta à estrada?Landon descansa os cotovelos na mesa e solta um suspiro antes de responder:— Para ser sincero, irmão... acho que já vi tudo o que tinha para ver. — Ele sorri de canto. — Não estou ficando mais jovem, e acho que está na hora de assentar.Assinto, compreendendo.— É bom saber disso.— Isso me deixa muito feliz, querido — Rose diz, com um brilho emocionado nos olhos.Isaiah sorri.— Um par de mãos a mais no rancho nunca é demais
RyderA estrada segue sob os pneus do carro, e The Country Bar surge à nossa frente, suas luzes brilhando contra o céu escuro.E eu sei que essa noite vai me testar de formas que eu não estou preparado.O bar country está lotado, e antes mesmo de entrarmos, podemos ouvir a animação vinda lá de dentro. Risadas altas, o som de botas batendo no assoalho de madeira, e a banda tocando alguma música animada.O estacionamento não tem muita iluminação, apenas uma luz fraca sobre a porta do bar, criando sombras que dançam pelo chão de terra batida.Assim que saímos do carro, Landon se junta a nós, e seguimos em direção à entrada. Mas não demora para que eu perceba que estamos sendo observados.Um grupo de quatro homens está encostado perto da porta, cigarro entre os dedos, conversando entre si. Mas os olhos deles não estão no cigarro.Estão em Harper.Estão em Savannah.E não gosto nada da forma como olham para elas.Os olhares são lentos, avaliadores. Como se estivessem despindo as duas com os
RyderAbro a porta da pequena arrecadação ao lado do banheiro feminino e a puxo para dentro comigo. Tranco a porta atrás de nós, girando a chave no trinco.Quando me viro, ela está encostada contra a parede, os olhos faiscando.— Então é assim? Você me sequestra e me tranca aqui?— Você me provocou a noite inteira, ruiva. Agora vai lidar com as consequências.Me aproximo devagar, arrastando os dedos pelo tecido fino do seu vestido.Minha mão desliza para sua coxa e eu congelo ao perceber a ausência de algo essencial.Meus olhos encontram os dela, surpresos e cheios de desejo.— Você saiu sem nada por baixo?O sorriso dela é puro desafio.— Algum problema com isso, Sawyer?Eu solto uma risada baixa, escura.— Nenhum. Mas agora sei que você estava planejando me enlouquecer desde o começo.Ela não tem tempo de responder antes que eu a vire contra a parede e pressione meu corpo contra o dela.Meus lábios deslizam pelo seu pescoço, mordiscando a pele sensível.Minhas mãos exploram suas cur
RYDERDepois de nos recompormos, ajeito uma mecha do cabelo de Savannah atrás da orelha, e ela sorri — aquele sorriso satisfeito e provocador que me faz perder a cabeça.Sorrio também e me aproximo, deixando um beijo leve na ponta do seu nariz coberto de sardas.— Linda — murmuro, e vejo seu sorriso se alargar.Ela segura meu rosto e me dá um beijo rápido nos lábios antes de se afastar.— Acho melhor voltarmos para junto dos outros antes que sintam nossa falta - digo, embora minha vontade fosse trancá-la aqui comigo por mais algumas horas.Ela assente e desliza os dedos pelo meu braço antes de abrir a porta e sair primeiro. Quando chegamos à mesa, Savannah vai direto até Harper na pista de dança, enquanto eu me junto aos meus irmãos.Hunter me olha com aquele maldito sorriso de quem sabe demais.— Onde você estava, hein, Ryder?Reviro os olhos, pego minha cerveja e bebo um gole.— Não enche o saco, Hunter.Ele ri e dá de ombros.Savannah e Harper voltam depois de um tempo, as duas ofe
SAVANNAHJá se passaram quinze minutos desde que Ryder saiu para pegar a sua carteira no carro. E ele ainda não voltou.Algo dentro de mim deixa-me inquieta. O meu estômago revira-se com uma sensação ruim.Será que aconteceu alguma coisa?As minhas mãos estão inquietas sobre a mesa. Olho para os outros, mas eles estão distraídos conversando, sem perceber a minha tensão.Não consigo mais ignorar esta sensação.Levanto-me abruptamente.— Onde vais? — Harper pergunta.— Procurar Ryder. Ele está a demorar muito.Ela franze a testa, mas assente. Saio apressada do bar, empurrando a porta com força.O ar fresco da noite toca meus braços nus, me fazendo estremecer. Abraço-me enquanto caminho pelo estacionamento mal iluminado.Olho ao redor, os meus olhos percorrem os carros estacionados.— Ryder? — chamo pelo seu nome, mas só o silêncio me responde.Dou mais alguns passos e, de repente, vejo algo no chão.O meu coração dispara.Os meus pés param bruscamente quando percebo que não é algo.É al
SAVANNAHLandon e Hunter o seguram pelos ombros, cada um de um lado, enquanto Isaiah já corre para ligar o carro e aquecer o motor.— Vamos, irmão, só mais um pouco — Hunter diz, ajudando Ryder a caminhar.Ele solta um gemido baixo, e o meu peito aperta.Assim que eles colocam-o no banco de trás, entro junto e sento-me do lado dele.O meu coração está disparado, e lágrimas continuam a escorrer pelo meu rosto enquanto seguro a sua mão.Vejo o seu rosto ferido, o corte profundo na sobrancelha, o inchaço na lateral do rosto, o sangue seco misturado à pele.— Meu Deus, Ryder... — a minha voz falha.Ele vira a cabeça lentamente para mim, os seus olhos castanhos observam-me no meio da dor.Mesmo assim, mesmo todo ferido, ele ainda se preocupa comigo.Ele levanta um pouco o braço com esforço e, com a pouca força que tem, puxa-me para o seu peito.— Vem aqui, ruiva... — ele murmura, a voz rouca e fraca.Eu não hesito.Aconchego-me nele com cuidado, sentindo o cheiro do seu sangue misturado ao