Capítulo 110
Luca Black
Voltei à sala. Passei os olhos pela moldura de família sobre o aparador — a que não tinha Jackson porque ele não apareceu no dia da foto; a que tinha minha mãe com um sorriso cansado; a que tinha eu, com o rosto sério demais para a idade. Lembrei de quando ainda era possível acreditar que o telhado, por si só, protegia as pessoas de dentro.
Peguei a moldura. O vidro tinha uma trinca fina no canto. O reflexo do lustre passava por ela e se multiplicava, criando três, quatro pontos de luz. Pela primeira vez naquele dia, eu falei comigo, do jeito que meu pai fazia quando precisava decidir quem viveria no dia seguinte:
Acabou.
Acabou a disputa de meninos por um trono que sangra. Acabou o eco de um crime antigo reclamando direitos no presente. Acabou, por ora, o inferno de justificar o injustificável.
Eu fiquei vazio. Mas me lembrei:
Só não acabou o que me amarra aqui: Riley, a criança que cresce dentro dela, o mundo que eu prometi proteger mesmo