Capítulo 109
Luca Black
Olhava pro meu rosto como se perguntasse: nós somos o mesmo homem? Eu queria responder com os punhos. Queria a ponta do meu cano roçando o osso do maxilar dele até ouvir estalar. Mas havia uma mulher na sala. E havia uma verdade recém-parida que precisava respirar.
— Você se tornou Don como seu pai queria. — ele sussurrou, quase cordial, quase um brinde. — O Don perfeito. O filho perfeito. O herdeiro limpo.
— O herdeiro vivo. — eu corrigi, frio.
A palavra bateu nele como tapa. Vivo. Ele piscou, virou o rosto de volta pra minha mãe. A respiração dela estava diferente. Descompassada, ruidosa. A mão que antes segurava o sofá agora apertava o próprio peito, bem no meio, como quem tenta segurar o coração no lugar.
— Mãe? Está tudo bem? — falei, antes dele. E dei dois passos. — Mãe, olha pra mim.
Ela me olhou. Mas parecia que olhava através. As pupilas rugosas, brilhando. Senti o músculo do meu estômago contrair. Lembrei da conversa mais cedo, do “probl