Quando o São João chega no interior, tudo fica mais colorido e com sabor. Nessa época do ano, até os dias mais tristes se tornam alegres e, volta e meia, alguma surpresa muito bem-vinda vem acalentar a vida dos que não tiveram tanta sorte no começo do ano. Cidinha, uma jovem de 19 anos, estava ansiosa para aproveitar sua última noite de são João solteira e esquecer dos problemas, fadada a se casar com um primo que sequer conhecia por causa de sua reputação falida, ela decidiu que aproveitaria o são João com suas amigas antes de se prender a um casamento que não a traria felicidade. Mas, nessa noite, algo acontece em sua vida e tudo o que ela imaginou que aconteceria muda de uma hora para outra, tudo por causa de um beijo comprado na barraca do beijo, um beijo inesquecível, tanto para ela, quanto para Mateus Ferreira. Ferreira era o dono das maiores fazendas da região, frequentador da comunidade ribeirinha que havia perto de uma das fazendas, conheceu na noite de são João uma morena que virou sua cabeça em uma única noite. Agora, ele precisava encontrá-la, porque uma noite não seria o suficiente para ele!
Leer másQuando o São João chega no interior, tudo fica mais colorido e com sabor. Nessa época do ano, até os dias mais tristes se tornam alegres e, volta e meia, alguma surpresa muito bem-vinda vem acalentar a vida dos que não tiveram tanta sorte no começo do ano.
E esse foi o caso de Cidinha. Uma menina bonita, com belos cabelos castanhos ondulados que desciam até abaixo da sua bunda, olhos de um tom de mel encantador, rosto de anjo, como todos diziam. Tinha traços muito belos, um nariz pequeno, levemente largo, uma pele bronzeada, como um café com leite recém-passado, lábios grossos e muito tentadores. Mas seu rosto não era a única coisa bonita em si, ela era o conjunto da obra, Cidinha tinha um corpo de dar inveja em qualquer moça da comunidade ribeirinha que ficava próximo ao Velho Chico. Mas sua sorte era, sem dúvida, só essa. Todos ali tinham pouco, mas o pouco que tinham era compartilhado, mas a beleza de Cidinha impactava diretamente em sua vida. As moças comprometidas não gostavam que seus maridos ou namorados interagissem com a pobre Cida, os homens solteiros não tinham tão boas intenções e os casados, infelizmente, a procuravam somente para vê-la como um caso. Não tinha mãe, ela havia fugido com um homem muito rico quando Cidinha ainda era uma recém-nascida, seu pai a criou e agora, aos seus 19 anos, cismou que ela precisava se casar, pois, para ele, já estava dando trabalho demais depois do que ocorrera no último ano. — Mas painho… — ela reclamou, mais uma vez, batendo os pés no chão da pequena casa de madeira. — Primo Zé tem quase o dobro da minha idade! — E isso lá importa, Cida? — seu Antônio perguntou, claramente irritado. O dia havia acabado de amanhecer e, em breve, seu Antônio sairia para pescar e Cida ficaria em casa, organizando tudo para, quando o pai chegasse, ela estivesse livre para limpar os peixes, que seriam vendidos ainda naquele dia. O cheiro de café recém passado inundava toda a pequena cabana que, apesar de simples, era muito bem arrumada, já que Cida sempre foi muito prendada. Ela deixou uma xícara bem grande de café na frente do pai e limpou as mãos no vestido simples e de cor bege que usada. Aquela não era a cor original dele, mas era sua camisola de dormir e já era muito velhinha, então, estava encardida. Seu Antônio era um homem já de meia-idade, tinha poucos cabelos e os que tinha eram grisalhos, seu corpo era magro, aparentemente frágil, mas ele era um homem muito trabalhador e bem forte. Pescava desde moço, então, a pele era queimada pelo sol e, mesmo tendo somente 55, aparentava ser bem mais velho devido aos anos de trabalho no sol árduo e na pescaria. — Mas claro! E ele nem de mim gosta mesmo! — ela continuou insistindo, cruzando os braços enquanto o pai bebia um gole de café. — Só olha pras minhas ancas como um… — Cida! Olha a boca! Tu tem que agradecer que depois de tudo aquilo algum homem ainda te quer! — Antônio deu um tapa na mesa, perdendo a paciência. — Já não é mais moça, se entregou pra um homem casado, casado, Cida! As pessoas nem te olham na rua direito! Seu primo Zé é um homem respeitoso, vai te tratar bem e cuidar de tu! Eu já sou velho, quem vai te cuidar quando eu partir? Ela nada respondeu, ainda se sentia acuada quando tocavam naquele assunto e, querendo evitar um novo interrogatório sobre o que a tornou mal falada na comunidade, ela se calou. Seu Antônio bebeu o café em dois goles, mesmo quente, então se aproximou de Cidinha, tocando seus cabelos com carinho, a olhando com certa dó. — Oh, minha fia, a gente gosta de quem gosta de nois… Dê uma chance para o Zé — seu Antônio tentou, mais uma vez, convencer sua filha, apoiando a mão no seu ombro após terminar o café. — Agora pare de pensar muito, quando tu pensa demais acaba tendo umas ideias de girino, vai fazer tuas coisas, mais tarde eu volto. — Tudo bem… Mas pelo menos marque esse casamento para depois do São João… Quero me divertir na festa com minhas amigas, uma última vez — ela pediu ao pai, com uma voz chorosa que sabia que iria convencê-lo. Antônio nada disse, somente balançou a cabeça como quem desaprova o pedido, mas não negou, nem concordou. Esse ato deu um pouco de esperança para Cidinha, que sentiu que, talvez, tivesse ao menos uma noite de festa e diversão antes de se amarrar ao primo que mal conhecia e de quem sentia nojo. — Pelo menos não perco o festejo, depois penso no que vem — resmungou Cidinha, suspirando enquanto observava o pai sair da casa, batendo a porta e seguindo para começar o dia. Não havia muito o que fazer, nem contra o que lutar, ela havia aceitado que a vida era daquele jeito mesmo, só teria dois destinos, o cabaré da beira do rio ou o casamento com o primo Zé, então, entre virar uma puta e uma esposa do lar, ser esposa lhe parecia mais vantajoso, com certeza. A melancolia a tomou por longas horas, sabia que não tinha agido certo no ano anterior, mas quem julga as atitudes de uma menina encantada com promessas de amor? Bem, no final, todos julgaram, sem nem saber de fato a verdade, aquilo a machucava muito, afinal, sabia que ninguém de fato acreditaria nela ali. Mas, antes que se sentisse pior, ouviu a porta de madeira ranger e, antes que falasse qualquer coisa, a voz estridente de Sandra encheu sua casa.Cida passou horas e horas arrumando a casa. As coisas anda estavam uma grande bagunça e cada canto a lembrava do horror que havia vivido nas mãos de Zé no dia em que saiu de sua casa. Ela lavou o chão, esfregou, arrancou os lençóis das camas e trocou todos eles, jogando os outros fora sem se importar por não ter muitos, afinal, parecia que o cheiro de Zé estava impregnado neles e aquilo a deixava nauseada. Não sabia quanto tempo levou, mas quando finalmente acabou, os fios castanhos longos grudavam em sua testa e a pele estava suada, quase brilhando ao sol que entrava na casa. Estava pronta para tomar banho, já com o balde na mão para tirar a água da cisterna que havia ao lado da casa, mas antes que saísse, o som de palmas na janela ao lado da porta chamou sua atenção. — Oh de casa! — uma voz masculina encheu a casa inteira e Cida soltou o balde, saindo da cozinha e correndo rápido para a sala, olhando desconfiada para a janela, escondendo-se um pouco na parede que dividia os dois
Cida não entendia porque estava sendo castigada daquele jeito, será que seu Santo António quem tava judiando assim de seu coração por ela ter colocado ele dentro de um copo de água tantas vezes? Duvidava disso, nenhum santo faria uma pessoa sofrer tanto em tão pouco tempo por causa de um copinho de água, certo?Ela nem se deu ao trabalho de voltar para a casinha para pegar suas coisas, como podia pisar la de novo depois de ser enxotada daquele jeito? Se dependesse dela, não pisava naquela fazenda nunca mais, não importa o perrengue que passasse. Preferia sofrer sozinha do que ser humilhada por aquela mulher de novo, tinha vergonha na cara, por mais que as pessoas achassem o contrário.Enquanto caminhava, os pés doendo sob o chão de terra batida, olhando a longa estrada reta que levava para o vilarejo, percebeu o quão sozinha estava. Não tinha mais seu pai, não queria incomodar Sandra e sua família, principalmente quando poderia prejudicar a amiga por causa da má fama, e Beto… Bem, apar
Quando o dia amanheceu, os raios do sol entraram na pequena casa pelas frestas nas telhas, despertando o casal quando o dia já ia alto. Beto foi o primeiro a acordar, ele esticou o corpo, sentindo a cabeça doer e um gosto amargo na boca. Se lembrava de pouco, lembrava do boteco, do seu irmão e, depois tudo o que sabia era que Cida o havia perdoado e que haviam passado a noite juntos, ao menos era no que acreditava. Ele a apertou em seus braços, a puxando para si e sentindo o toque delicado em seu peito, só então abriu os olhos, esperando ver o rosto delicado de Cida ao acordar, mas o que encontrou o fez quase saltar da cama. — Que porra é essa? — berrou Beto, encarando as madeixas loiras que se esparramam na cama enquanto Lucia se mexia devagar, acordando lentamente. — O que tu tá fazendu aqui, Lucia?— Como assim, amor? — ela perguntou, fingindo-se de inocente. Claro que Lucia sabia bem o que havia feito, e não se arrependeria nunca. Beto sair para beber com Leo foi a melhor cois
A pele macia e quente dela se aquecia diante do toque de Beto e ele podia sentir os pelos arrepiados sob seus dedos. Cida era sua, ela era perfeita para ele e, por um momento, acreditou que jamais a teria nos braços de novo, mas ali estava ela, pronta para se entregar para ele mais uma vez. Não disse mais nada, acatando o pedido dela pelo silêncio, não sabia porque isso agora, mas tinha medo de contrariá-la e ela resolver ir embora, resolver que não vai dar a ele essa chance. Precisava daquela noite para mostrar para Cida que ela só a ela que ele desejava.Beto puxou a calcinha dela com pressa, jogando-a de lado e invertendo as posições, colocando a moça na cama enquanto, com sede e desejo, deslizava a língua pela parte interna da coxa dela, sentindo o calor de sua pele até chegar em sua boceta, onde esqueceu todo e qualquer problema que tivessem tito, sugando com desejo e tesão. No fundo, bem no fundo, ele sentia que algo não estava certo, que as coisas não deveriam ser daquele jei
O céu já havia escurecido e Beto já havia bebido o suficiente para se sentir ligeiramente tonto. Leo parecia estar numa situação ligeiramente melhor que a dele, mas seus olhos já estavam menores e seu rosto corado, indicando que o álcool estava começando a fazer efeito. — Porra, Léo! — murmurou Betto irritado — como diabos uma mulher consegue fuder tanto com a tua cabeça? — Sei lá, irmão — resmungou o homem com a fala ligeiramente mais lenta — muié tem essi dom de mexer cum nois. Elas tem um negócio nelas que bagunça nossa cabeça e deixa a gente tudo abestalhado. Léo olhou para Beto por um tempo e então perguntou: —Tu gosta dela? Gosta mermo dela? Beto pensou por um tempo e então disse com a voz baixa. — Gosto. Pior que eu gosto pra caralho. — Ele virou mais uma dose e fez sinal para o garçom lhe servir mais — Tem alguma coisa que faz ela ficar presa na minha cabeça dia e noite. — Intão tu tem que falar issu pra ela — Léo tomou sua dose e pediu mais uma. — Eu falei, mas
Lúcia ofegava sentindo a dúvida corroer seus sentidos. Ela acreditara em Amanda uma vez e as coisas ficaram desse jeito, mas uma parte de seus instintos lhe diziam que a única explicação para Beto lhe tratar do jeito que vinha tratando era por causa da influência de alguma outra mulher, ardilosa e manipuladora como uma serpente. A loira esfregou as têmporas irritada e então apontou a unha para Amanda. — Se você estiver me enganando, eu juro que arranco esse teu coro! — E saiu pisando firme em direção ao casebre. Amanda desceu as escadas em seu encalço, mas parou na porta de entrada da grande casa e decidiu observar de longe. Dessa vez não tinha como Cida fugir. … Cida estava deitada na cama quando ouviu a porta da pequena casa ser aberta de forma brusca, por um momento chegou até a cogitar ser Beto, mas não teve tempo de pensar, pois foi surpreendida pela voz estridente de Lúcia. — Eu sei que você tá aqui sua vagabunda, é melhor você sair logo de onde está escondida! Cida sen
Último capítulo