— Entre e fale.
— Não precisa. Nós dois não temos mais nada para conversar. — Florence encarou o homem com firmeza.
Lucian soltou o cigarro entre os dedos, a brasa caindo ao chão, e começou a caminhar lentamente em direção a ela. Seus passos eram quase inaudíveis, e sua figura foi se tornando mais nítida enquanto saía parcialmente da penumbra.
Ele parou na linha entre a luz e a sombra, onde a iluminação realçava suas feições marcantes. A combinação do jogo de claro e escuro moldava seus traços com uma intensidade que prendia o olhar. Seus olhos, profundos e penetrantes, lembravam os de um predador à espreita, pronto para atacar.
Por mais que Florence tentasse manter sua postura firme, ela não conseguiu evitar engolir em seco sob aquele olhar.
Lucian ergueu o pulso e olhou para o relógio.
— Em alguns minutos, sua vizinha vai voltar do trabalho. Tem certeza de que quer falar sobre o que temos a tratar aqui no corredor?
— Como você sabe disso? — Florence perguntou, surpresa.