Antes mesmo que Florence pudesse se despedir, Cláudio já havia girado a cadeira de rodas e a levado para fora do consultório de Fernando.Quando desceram, o céu já estava escuro. O motorista, atento, correu para abrir a porta do carro assim que os avistou.Vendo a cena, Florence tentou se levantar sozinha da cadeira:— Tio, eu posso chamar um carro no celular, não precisa se preocupar comigo.Mas, no instante em que ela deu o primeiro passo, sentiu as pernas falharem. O corpo cedeu e ela quase caiu de joelhos diante do homem à sua frente, não fosse Lucian segurá-la a tempo.Que vergonha! Florence ficou de cabeça baixa, sem coragem de levantar o olhar.De cima, Lucian soltou uma risada abafada:— Não precisava agradecer se ajoelhando.Florence mordeu os lábios, sem conseguir rebater.Lucian passou o braço pela cintura dela e a ergueu, obrigando-a a encará-lo de frente.— Engraçado, com os outros você é toda educada.— Obrigada. — Florence murmurou, desconfortável.— O quê? Não ouvi dire
Quando Florence pensou em se virar, ouviu uma voz conhecida.— Tio, quanto tempo... Fico feliz em ver que você está bem.A voz de Ronaldo continuava absurdamente suave, com uma gentileza que parecia fazer parte do seu próprio sangue. Tudo o que ele dizia soava envolto em doçura, mesmo quando deixava claro o tom de provocação contra Lucian.Florence levantou os olhos devagar e encontrou o olhar de Ronaldo, que já estava bem à sua frente.Ele sorriu do mesmo jeito de sempre e murmurou baixinho:— Flor.Para Florence, porém, aquela voz parecia fria como o toque de uma serpente, silenciosa se aproximando da presa, pronta para dar o bote.— Boa noite, Ronaldo. — Ela respondeu gelada.Ela lembrava do que Lyra tinha contado: que Melissa, sob o pretexto de cuidar dos pais, tinha levado Ronaldo de volta para a casa dos Nunes.Agora, Ronaldo era o cérebro por trás do Grupo Nunes, quase nem aparecia mais no Grupo Avery, o que vinha deixando Theo irritado com tudo e todos.Ainda por cima, o Grupo
Ela olhou surpresa para Lucian. Como ele sabia que ela estava querendo sopa de tomate?Lucian virou o rosto para ela e disse, sem alterar o tom:— Pode tomar.— Tá bom. — Florence assentiu e começou a tomar a sopa, sentindo o calor aliviar um pouco o desconforto.Ronaldo observou a cena com um olhar indecifrável, apertando com força o garfo entre os dedos.Melissa passou o guardanapo nos lábios, deu um sorriso enviesado e comentou:— Flor, por que você saiu para jantar com o Lucian? Falo por bem, mas fica o aviso: certas coisas não podem se repetir. Para mulher, o mais importante é a reputação.O rosto de Florence ficou pálido. Ela sabia muito bem que Melissa estava falando do caso entre ela e Lucian. Já fazia tempo, e ninguém da família Avery ousava tocar no assunto, mas Melissa fazia questão de constrangê-la diante de todos.Nesse instante, o som do café sendo servido ecoou pela mesa.Lucian largou a cafeteira com calma, pegou a xícara e lançou um olhar gelado para Melissa:— Não sab
Quando Ronaldo falou em “atacar onde dói”, ele lançou um olhar direto para Florence.Ela ficou desconfiada, prestes a perguntar o que ele queria dizer, mas foi interrompida por uma voz grave atrás de si.— Florence.Lucian apareceu com passos largos, vestindo o clássico terno preto e camisa branca. Não precisava de detalhes para impor respeito; só a presença dele já era esmagadora. Em poucos passos, ele tomou conta de todo o ambiente. O cigarro de Ronaldo se consumia até o filtro entre seus dedos, mas, diante do olhar de Lucian, ele ficou paralisado, só o ódio borbulhando nos olhos.Sem dar a mínima para Ronaldo, Lucian passou direto, segurou Florence e a pegou no colo, saindo dali sem olhar para trás.— Tio. — Ronaldo chamou, com a voz carregada de rancor.Lucian parou, mas não virou.Florence olhou para Ronaldo por cima do ombro. O olhar dele estava cada vez mais obcecado, deixando-a inquieta.Ronaldo soltou uma risada fria:— Tio, aposto que você não sabe... A Florence me disse que
Os dedos dele deslizaram pelos cabelos dela, com uma delicadeza inesperada, quase carinhosa.Florence fechou os punhos, sem dizer nada, sentindo o corpo esfriar ao invés de aquecer. Ela levantou o olhar e sustentou o dele:— Ter dormido juntos não significa nada. Você não se importa, eu também não. Se pintar uma chance, eu vou embora.— Você não vai.Florence ficou tensa, a coluna arrepiada. Ela sabia que aquilo era uma ameaça velada. Lucian conhecia o peso da família Avery sobre sua mãe.No instante seguinte, porém, ele pousou um beijo leve, quase tímido, sem a força de antes, apenas um toque suave.Enquanto ela ainda estava surpresa, ele puxou de leve o colar no pescoço dela. A esmeralda balançou entre os dois, brilhando num verde hipnotizante.Ele repetiu, em tom calmo:— Você não vai.Florence tentou pegar a corrente de volta, mas ele desviou com facilidade.Ela retrucou, mantendo a pose:— Esqueci de tirar.— Sei.Ele não insistiu. Pegou-a no colo mais uma vez e a depositou no sof
O estalo do tapa ecoou pelo quarto, jogando Daphne no chão. Ela sentiu o corpo inteiro arder, mas não ousou reclamar.Nina, cheia de pena da filha, correu para protegê-la:— Agora não adianta bater nela! O importante é não deixar ninguém da família Avery perceber nada!Guilherme arfava de raiva, o peito subindo e descendo, o dedo apontado para Daphne:— Quem é? Quem é o homem com quem você se envolveu?Daphne desviou o olhar, cheia de culpa, sem coragem de contar tudo:— Pai, fica tranquilo. Ninguém nunca vai desconfiar, nem o Lucian. Já terminei tudo com ele. Da última vez, só bebi demais com a Milena e...Ao ouvir o nome de Milena, Guilherme finalmente respirou fundo.Ele sabia que Theo ainda precisava que Daphne se aproximasse dos Milena, então, por ora, ela estava segura.Guilherme não escondeu a insatisfação:— Dê um jeito de convencer Lucian a investir no Grupo Gonçalves.Daphne mal assentiu, o celular tocou. Ela pegou o aparelho: era Rosana, que enviara dois vídeos. Em um deles,
Com o passar dos anos, as joias masculinas se tornaram cada vez mais populares. Havia homens até mais exigentes que mulheres quando o assunto era design de joias, então, não era nenhuma novidade criar algo especial para eles.O que realmente intrigava Florence era o fato de Marcos ter escolhido logo ela para esse trabalho. Gente rica como ele dava muito valor às relações sociais — se fosse para agradar, ele deveria procurar Daphne. Esse pensamento fez o coração de Florence acelerar, um pressentimento estranho tomava conta dela.Marcos tomou um gole de café e explicou, com tranquilidade:— O Grupo Nunes vai fazer uma festa de comemoração nesta semana. Eu consegui uma peça especial e queria usar algo exclusivo no evento, então pensei em desenhar uma joia para essa ocasião.Valentina se animou:— E essa peça especial seria...Marcos bateu palmas perto da porta.Um segurança entrou, trazendo uma maleta presa ao pulso por algema. Ele soltou a trava, digitou a senha e, com um clique, o estoj
Dentro da bolsa de Florence ainda estava o relógio que Lucian deixara. Ela não conseguia entender por que ele havia feito aquilo.Enquanto Florence tentava achar uma explicação, Daphne ergueu o pulso para exibir sua nova conquista.No pulso delicado, brilhava um relógio largo, cravejado de diamantes em cada centímetro. Entre as pedras, uma fileira de rubis salpicava o bracelete, e até o mostrador era coberto por rubis e diamantes, impossível ver os números ali, parecia um céu estrelado amarrado no braço, uma fita prateada e reluzente.Quem entendia do assunto percebia na hora: o relógio de Daphne era peça de leilão, praticamente impossível de encontrar no mercado, com um valor nas alturas.Uma colega segurou o braço de Daphne, admirada:— Parece uma joia antiga, a qualidade é absurda... E combinou demais com você. O Lucian deve ter gastado uma fortuna, não?Daphne puxou o braço de volta, lançou um olhar para o pulso de Florence e sorriu com lábios frios:— Tem coisa que dinheiro nenhum