Ponto de vista: Rafaella / Salvattore
A madrugada envolvia o hospital em um silêncio estranho, como se o tempo tivesse desacelerado ao redor do quarto onde Rafaella Ferraro permanecia sentada. Os olhos cansados, as mãos entrelaçadas às de Salvattore, que continuava imóvel, o corpo tomado por fios e máquinas. Já passavam de três semanas. Três longas e insuportáveis semanas desde a explosão. Desde que seu coração deixou de bater com paz.
Ela suspirou, encostando a cabeça na beirada da cama.
— Sabe o que eu imaginei hoje? — sussurrou, tentando sorrir. — Que o quarto do bebê vai ter janelas enormes, com cortinas amarelas. Quero que seja ensolarado, mesmo nos dias nublados. E o berço vai ser de madeira escura, igual ao do meu pai. Quero colocar um tapete redondo com estrelas e uma estante cheia de livros, igual à da Mamma.
A voz embargou.
— E eu... — continuou, acariciando a mão dele — ...eu vou me casar com você com a barriga já aparecendo. Quero um vestido com renda delicada e véu longo.