POV Aron Lensky
Ela saiu daquela sala destruída. Eu não estava longe quando ouvi cada palavra que a víbora da Antonella Ricci cuspiu na direção da Rafaella. Minha mandíbula travou, os punhos cerrados, e só o pensamento de não causar uma guerra entre máfias me impediu de acabar com aquilo ali mesmo.
Rafaella Ferraro era um raio de luz naquela escuridão podre que chamamos de mundo. E embora meu coração tenha apodrecido há muito tempo, tem algo nela que me faz querer limpar a ferrugem da alma. Não que eu vá me apaixonar — isso não faz parte do meu repertório. Mas ninguém, nem mesmo Salvattore, vai fazer aquela garota sangrar sem que eu devolva na mesma moeda.
— Vai se arrumar — ordenei, cruzando os braços no batente da porta do quarto dela.
— O quê? — a voz dela estava rouca, quase inaudível.
— Nós vamos sair. Você, Chiara e eu. Vamos à boate da Cosa Nostra. Chega de chorar por quem não merece.
Ela quis recusar. Vi no olhar. Mas também vi que precisava escapar. Dele. Das palavras que ouv