O vento começou a soprar antes mesmo que eu deixasse o salão.
A chuva vinha chegando do norte, carregando o cheiro de terra molhada e algo que o instinto reconheceu antes da razão: perigo.
O ar estava pesado, a lua escondida, e cada batida do coração ecoava como aviso.
Caminhei rápido pelo corredor de pedra, os passos quase sem som.
As tochas ardiam fracas, e as sombras se moviam nas paredes como se tivessem vida própria.
A loba dentro de mim não parava de sussurrar.
Algo se quebrou. A confiança dele não é mais segura. O fogo das mentiras já acendeu.
— O que está acontecendo? — murmurei, com a respiração presa.
Precisamos sair.
Empurrei a porta lateral e senti o ar frio da madrugada me atingir o rosto.
O céu desabava sobre a floresta, uma cortina espessa de chuva e vento.
Vesti o capuz e comecei a correr.
A tempestade me engoliu por completo.
Os trovões rasgavam o céu, e cada relâmpago iluminava o caminho por segundos — o suficiente para ver a lama, as árvores retorcidas e o ne