As noites na cidade nunca são completamente escuras,. Há sempre um poste aceso, uma janela iluminada, o barulho de carros que não cessam. Mas, naquela madrugada, mesmo com toda a luz artificial ao redor, eu me vi mergulhada em trevas.
Me sentia em casa.
O pesadelo começou como todos os outros. O salão iluminado pela lua cheia, risadas ecoando como lâminas, meus joelhos fracos diante da rejeição. Vi o rosto dele, firme, frio, distante. Senti a dor do peito se rasgando em duas metades, como se minha própria carne fosse feita de vidro e tivesse se partido ali, diante de toda a matilha. Tentei gritar, mas o som não saiu.
E a tortura continuou.
E então o pesadelo mudou. Eu o vi lutando. Vi Danilo, o alfa que me rejeitou, caído de joelhos, o corpo coberto de sangue, a mão tremendo como se não tivesse mais força para erguer a espada. O olhar dele, que sempre foi aço, estava quebrado. E quando seus lábios se abriram, não foi para me humilhar. Foi para me chamar.
Meu nome saiu em forma de uivo