— Na Lua Sangrenta, Petra — disse ele, com a voz baixa e firme —, ninguém vive para servir. Vivemos juntos, lutamos juntos, comemos à mesma mesa. Aqui você é parte do que somos, todos somos iguais, sem distinção.
Petra o olhou, surpresa pela gentileza, mas também desconfiada. Então abaixou a cabeça em respeito, sussurrando:
— Sim, senhor Solomon.
Lyra observava tudo, o olhar de Solomon demorou-se um pouco mais do que o necessário sobre sua amiga. Não de forma inapropriada, não era isso, mas havia ternura. Familiaridade. E aquilo despertou algo em Lyra, um pressentimento que se formava como uma bruma em sua mente. Ela quis perguntar, mas não o fez.
River voltou a andar pelo escritório, bufando de raiva, os pensamentos em turbilhão.
— Eles não vão parar. Nunca param. Querem moldar tudo à imagem deles, como se fossem os únicos com o direito de decidir o destino da nossa espécie.
— Então mostre quem você é — disse Solomon, levantando-se. — Mas da forma certa. Sem derramar sangue sem neces