O impacto fez o mundo girar.
Lyra sentiu o corpo ser jogado para trás como se fosse um brinquedo de pano. As patas perderam o chão, a visão virou um borrão de branco, cinza, vermelho. Ela bateu com as costas na neve dura, o ar saiu inteiro dos pulmões num gemido mudo. A cabeça girou, um zumbido alto preencheu tudo, por um segundo, não soube onde estava.
Então o peso veio.
O corpo colossal do supremo caiu sobre ela, prensando-a contra o chão. Uma das patas enormes desceu diretamente sobre o peito dela, esmagando suas costelas. Lyra sentiu os ossos protestarem, alguns talvez racharem, o pulmão comprimido lutando por espaço.
Ela arfou, encarando de baixo o rosto monstruoso que tantas vezes já a fez se sentir segura.
Os olhos de River estavam vazios, não havia humanidade ali. Não havia o homem que a tirou da sujeira quando ela era apenas uma ômega que limpava chão, não havia o alfa que escolheu amar uma ninguém. Só havia comando. Só havia a corrente invisível do colar no peito de Atlas.
L