A guerra tinha um som próprio, um som que não pertencia a nenhum mundo vivo.
Era o som de ossos se partindo, de carne rasgando, de uivos estourando na garganta e se desfazendo em gritos. Era o baque surdo de corpos sendo arremessados contra rochas e árvores, o arranhar de garras. Era também o som das preces ditas apenas por dentro, dos “não me deixa morrer aqui” engolidos entre uma investida e outra.
A batalha era caos.
Caos absoluto.
A Lua Sangrenta e seus aliados estavam sendo empurrados para trás, passo a passo, mancha a mancha de sangue. Não era porque eram fracos, não eram, cada lobo ali tinha lutado antes, tinha sobrevivido a anciãos, à fome, à caça, à rejeição. Raposas eram rápidas, precisas, bruxas sabiam torcer o tecido da realidade até rachar. Mas a alcateia de Atlas era grande demais, desigual demais. Eles eram muitos, e lutavam com a fúria fanática de quem acreditava estar cumprindo um destino.
E acima deles, como um rei entediado assistindo a um espetáculo, Atlas observav