⚠️ AVISO – DARK ROMANCE +18
Este livro não é seguro, confortável ou gentil. É um Dark Romance destinado exclusivamente a leitores adultos, capazes de lidar com temas sombrios sem buscar suavização ou alívio. A narrativa mergulha em obsessão, moralidade distorcida, escolhas cruéis e consequências que raramente são justas. O protagonista não é um herói; ele é brutal, controlador, consumido por sombras internas e guiado por impulsos que ultrapassam limites éticos. A mocinha enfrenta situações que podem causar desconforto real no leitor: tensão psicológica, manipulação emocional, poder desequilibrado e momentos que desafiam a linha entre desejo, perigo e destruição.
O mundo mostrado reflete a dureza e as desigualdades do período histórico, sempre retratadas com respeito e sem romantizar nenhuma forma de opressão.
Se você avançar, estará assumindo total responsabilidade pelo impacto emocional desta leitura.
Se seu objetivo é encontrar carinho, leveza ou aconchego, este livro não irá oferecer isso. Mas, se você busca um Dark Romance verdadeiramente intenso, onde a paixão nasce do caos, a redenção é uma batalha sangrenta e o amor é tão perigoso quanto irresistível, então entre. Mas entre sabendo que pode não sair ileso.
Ully Kety
Reivindicada pelo meu inimigo
**
Esse livro nasceu de um sonho muito louco que eu tive. Nada novo sob o sol, né? Quem me lê há um tempo já sabe que metade dos meus livros começou porque eu dormi e acordei pensando “meu Deus, preciso escrever isso agora”.
E foi exatamente assim que Honora e William apareceram na minha cabeça. Do nada. Só surgiram. E pronto, já estavam morando em mim como uma obsessão sombria.
Eu fiquei completamente apaixonada pelos dois. Sério. A Honora tem aquele jeitinho forte, mesmo que quebrada por dentro, mas que não desiste nunca. E o William… bom… vocês já sabem o tipo de “mocinho” que eu gosto de escrever. Não é mocinho. Mas também não é vilão. É só aquele homem que tem o caráter questionável, e que é completamente, insanamente obcecado pela mocinha.
Então, leitores, embarquem comigo nessa loucura. Eu sonhei, acordei e transformei isso aqui no livro que vocês estão prestes a devorar. Tem ilha deserta, tem tensão, tem gente se odiando e tentando não se pegar , tem drama, tem aquela pitadinha de caos emocional que eu sei que vocês amam, e tem MUITO, MUITO, sexo!
E antes que alguém pergunte: sim, as continuações dos outros livros estão vindo. Juro. Mas como esse aqui já estava prontinho, piscando pra mim, eu resolvi jogar logo na plataforma antes que ele me enlouquecesse de vez.
É isso. Bem-vindos à história de Honora e William. Se preparem porque eles são do jeitinho que eu gosto: problemáticos, intensos e absolutamente viciantes.
**
Capitulo 1
carruagem reduziu a velocidade antes mesmo de o cocheiro anunciar que havíamos chegado. Meu coração acelerou junto com o ranger das rodas.
Minha mãe Eleonor manteve a postura impecável ao meu lado. Mas não olhou para mim. Nunca olhava quando estava prestes a enfrentar algo difícil.
— Lembre-se — disse Eleonora com a voz baixa e fria, sem nem virar o rosto para mim. — Você é filha da minha criada falecida. Nada além disso.
Ela fez uma pausa curta, respirou fundo e levou a mão ao peito com um gesto teatral, como sempre fazia quando queria deixar claro que eu lhe dava trabalho demais.
— Não ouse esquecer — continuou, o olhar duro preso em mim — que estou fazendo uma caridade trazendo-a comigo. Eu poderia ter deixado você naquela cidade miserável, sozinha, pedindo esmolas… ou pior. Mas não. Eu acolhi você. Eu lhe dei um nome, um teto e… — apertou os lábios em desdém — …uma chance de não morrer na rua como os outros.
Engoli em seco.
Eleonor se aproximou um pouco mais, sem suavidade alguma, apenas para que eu escutasse cada sílaba:
— Portanto, Honora… agradeça. Agradeça ao destino, agradeça ao meu casamento e, acima de tudo, agradeça à generosidade do senhor Redcliffe, que está nos oferecendo uma vida digna.
Ela manteve o olhar firme.
— Se você estragar isso… se cometer qualquer erro… não hesitarei em deixá-la para trás. Entendeu?
Assenti, como sempre. Como se não tivesse outra escolha.
— Sim, senhora — respondi, como sempre.
Ela não gostava quando eu chamava de mãe. E, a partir daquele dia, mais do que nunca, era proibido.
A carruagem parou diante da mansão Redcliffe, enorme, rígida, intimidante. Hoje, Eleonor se tornaria oficialmente sua senhora. E eu… eu seria apenas uma criada trazida por piedade.
O cocheiro abriu a porta.
Assim que descemos, a porta principal se abriu e um homem apareceu. Alto. Postura impecável. Frio como a pedra da própria fachada.
Era Alistair Redcliffe. Eu sabia apenas o seu nome. Embora nunca tenha visto o rosto antes de hoje.
Ele olhou primeiro para Eleonora, com respeito, com posse, e depois para mim… com um tipo de cálculo rápido que me fez querer esconder as mãos atrás do corpo.
— Senhora Redcliffe — ele disse, oferecendo o braço.
Eleonor aceitou com uma leveza que não combinava com a tensão que eu conhecia bem. Quando seus dedos tocaram o braço dele, a mandíbula dela travou por um segundo.
Medo. Ela nunca assumiria isso para ninguém, mas para mim que era sua filha, era evidente seu medo.
Atrás de Alistair, outro rapaz surgiu. Mais jovem. Ombros largos, expressão séria. Ele não disse nada, mas me encarou como se tentasse entender de onde eu tinha vindo, e por que estava ali.
Eleonor nunca me contou que Alistair tinha um filho. Os olhos do jovem, se estreitaram por um instante, como se algo não encaixasse.
Alistair fez um movimento discreto com a cabeça, e então vi o garoto se aproximar ainda mais. Seus cabelos loiros brilhavam sob o sol, e havia um leve ar de insolência no modo como caminhava, sem pressa, sem reverência. Seus olhos, azuis como os da minha mãe, pousaram sobre mim com intensidade, e de novo senti aquele arrepio estranho.
— William — disse Alistair, num tom quase paternal, embora sua expressão não fosse de ternura. — Este é meu irmão mais novo. Ele vive comigo desde a morte de nossos pais.
O garoto devia ter uns quinze anos, parou ao lado dele, e o contraste entre os dois era evidente: Alistair carregava a gravidade de quem já era dono de terras, enquanto William carregava um olhar autoritário e parecia ter descoberto o poder da própria beleza e fazia questão de usá-la sem escrúpulos.
— Não é um fardo — continuou Alistair. — Ele não dá trabalho. E, de certa forma, Lady Eleanor… suponho que o senhorio desejasse que alguém o guiasse.
E então, como se me atingisse com uma flecha, ele completou:
— Creio que será uma espécie de mãe para ele.
Minha mãe ergueu as sobrancelhas, e um suspiro teatral escapou de seus lábios.
— Pobrezinho… — murmurou, colocando a mão delicadamente sobre o peito, como se realmente se compadecesse.
William esboçou um sorriso enviesado. Não parecia nada pobrezinho. Ao contrário: parecia satisfeito em ser o centro da cena, acostumado a receber olhares.
O silêncio que seguiu foi quebrado quando Alistair se virou para os empregados alinhados nos degraus abaixo de nós, no pátio principal. Seu tom era firme, quase militar:
— Esta é Lady Eleanor. Ela será a senhora da casa, e merece o respeito de todos.
As cabeças se inclinaram em reverência. O ar ficou pesado, como se o pátio inteiro respirasse em uníssono.
Eu me encolhi um pouco atrás de Eleanor, desejando passar despercebida. Mas foi então que, após longos segundos de ignorar minha presença, Alistair inclinou levemente a cabeça na minha direção.
— Ah, sim… — sua voz soou desinteressada, quase um comentário solto. — A menina de cor que cria por caridade.
Senti o rosto queimar. Meus olhos se fixaram no chão, tentando fugir da atenção que de repente se voltava para mim. Eu já sabia que era isso que diriam. Era isso que eu era. Uma lembrança viva da diferença, uma mancha na perfeição da imagem que Eleanor queria projetar.