Elena e Vicky cresceram juntas, órfãs e grandes amigas, enfrentando o mundo com coragem. Mas quando são sequestradas e brutalmente separadas, Elena se vê sozinha, ferida e em um lugar desconhecido, sem saber o que aconteceu com sua amiga. Ela é resgatada por Vlad, um mafioso implacável que a tira das mãos de seus captores, mas seu resgate não é um ato de bondade. Elena está presa em um mundo sombrio onde as intenções de Vlad são tão perigosas quanto o ambiente que a cerca. Ele é um homem cheio de mistérios, cuja frieza só é igualada pela intensidade com que a observa. Enquanto Elena luta para entender seus sentimentos conflitantes com relação a ele, Vlad a provoca, testando seus limites e desafiando suas certezas. A tensão entre eles cresce a cada momento, criando um vínculo estranho e poderoso que Elena não consegue ignorar, mesmo quando tudo dentro dela grita para fugir. Neste jogo de poder e sedução, onde o amor nasce nas sombras da violência e do perigo, Elena precisa decidir se pode confiar no homem que a mantém cativa e se há alguma chance de escapar com seu coração intacto.
Ler maisParte 1...
Elena
A noite em Chicago estava fria e úmida, e eu sentia o vento gelado cortar minha pele enquanto segurava os pequenos buquês de flores.
O cheiro de fumaça e poluição parecia grudar na minha garganta, e o barulho constante da cidade me deixava com dor de cabeça.
As luzes da boate piscavam em vermelho e azul, refletindo no asfalto molhado, mas para mim, tudo era apenas uma mancha de cores sem vida. Eu não ligo mais para isso.
Eu estava ao lado de Vicky, minha melhor amiga, a única família que me restava desde que saímos do orfanato.
Ela puxou o casaco fino mais apertado em volta de si, seus olhos verdes brilhando com uma mistura de frustração e cansaço.
— Eu odeio isso - ela murmurou, a voz baixa, mas cheia de raiva contida. — Vendendo flores para caras bêbados que mal olham para a gente. Isso não é vida, Elena.
Eu suspirei, olhando para os buquês em minhas mãos. As flores estavam levemente amassadas, mas ainda tinham um pouco de cor, uma lembrança frágil do que restava de esperança em nossas vidas.
— Eu sei, Vicky, mas precisamos pagar o aluguel. O dono do trailer deixou claro que essa é nossa última chance. Se não pagarmos, ele nos põe na rua, e eu não sei para onde iríamos.
Vicky desviou o olhar, os olhos fixos no céu onde nuvens escuras começavam a se formar. A atmosfera ficou ainda mais pesada, como se a cidade estivesse preparando-se para algo ruim. Como sempre.
— Parece que vai chover - ela notou, mordendo o lábio, claramente ansiosa para sair dali.
Olhei em volta, sentindo o mesmo aperto no peito. As ruas estavam começando a esvaziar, e as risadas que vinham da boate soavam distantes e desconexas.
Tive um mau pressentimento, uma sensação de que algo terrível estava prestes a acontecer. E eu não gosto quando me sinto assim. Nem sempre acontece algo, mas quando acontece, acaba me deixando abalada.
— Talvez devêssemos ir embora - eu sugeri, a voz um pouco mais alta para superar o barulho da rua. — Não acho que vamos vender mais nada hoje.
Vicky concordou com um aceno, mas antes que pudéssemos nos mexer, as primeiras gotas de chuva começaram a cair, pesadas e geladas, como se o céu estivesse desabando sobre nós.
Puxei o capuz do casaco surrado sobre a cabeça e olhei para Vicky, que fazia o mesmo.
— Vamos, precisamos nos abrigar - eu disse, querendo sair logo dali.
Corremos pela calçada, desviando das poças de água que começavam a se formar sob nossos pés.
A chuva começou a bater mais forte, o som das gotas tamborilando contra o asfalto ecoando nos becos estreitos ao nosso redor.
As luzes da rua piscavam, refletindo nas poças como pedaços de vidro quebrado, e eu senti um nó apertar em meu estômago.
Eu não gosto dessa vida, não é o que quero para mim. Não foi assim que eu sonhei enquanto estava naquele orfanato.
Avistamos um beco estreito à frente, onde poderíamos nos proteger da chuva. Eu segurei a mão de Vicky e a puxei para lá, espremendo-nos contra a parede úmida.
O lugar estava escuro e fedia a lixo, mas pelo menos estávamos fora do alcance da chuva, embaixo de uma marquise.
— Não acredito que estamos vivendo assim - Vicky murmurou ao meu lado, a voz trêmula de frio e frustração. — A gente merecia algo melhor do que essa merda de vida.
Eu queria concordar com ela, mas as palavras ficaram presas na minha garganta.
A vida tinha se tornado uma luta constante desde que saímos do orfanato. Sentia falta daquele lugar horrível, porque pelo menos lá tínhamos um teto seguro.
Agora, estávamos à mercê da cidade, e a cidade não era gentil com garotas como nós. Chicago tem beleza, mas tem uma feiura que pode enlouquecer qualquer um. Não é fácil morar aqui.
Foi então que eu ouvi o som de passos apressados ecoando pelo beco.
Congelei, segurando a mão de Vicky com mais força. Nós trocamos um olhar rápido, e percebi que ela estava tão assustada quanto eu.
Os passos ficaram mais próximos, e logo vimos um homem surgindo na entrada do beco.
Ele estava ofegante, olhando em volta freneticamente como se estivesse fugindo de alguém. Minha respiração ficou presa no peito, o medo tomando conta de mim. Algo estava muito errado.
Antes que eu pudesse pensar em fazer qualquer coisa, outro homem apareceu.
Ele se movia com uma calma assustadora, como um predador que finalmente encontrou sua presa. Senti uma coisa estranha dentro de mim.
Ele era alto, ombros largos, e carregava uma arma. O brilho metálico da arma fez meu sangue gelar.
— Por favor, não! — o primeiro homem implorou, as mãos erguidas em rendição desesperada. — Eu posso devolver, só preciso de mais tempo!
O segundo homem não respondeu. Seus olhos estavam fixos no outro, frios e implacáveis, e eu sabia que ele não estava ali para negociar.
O ar ao nosso redor parecia eletrificado, e meu coração batia tão forte que eu temia que ele pudesse ouvir.
O som de um tiro ecoou pelo beco, e o homem que implorava perdão caiu de joelhos. O sangue começou a escorrer pela calçada, misturando-se com a água da chuva.
Eu segurei a respiração, cobrindo a boca com a mão, meus olhos arregalados, tentando não fazer barulho. Senti a mão de Vicky tremer violentamente na minha.
Eu queria correr, fugir dali, mas minhas pernas estavam paralisadas pelo medo e a chuva aumentava.
O homem com a arma olhou em volta, os olhos varrendo o beco como se estivesse procurando testemunhas. Eu me encolhi ainda mais contra a parede, rezando para que ele não nos visse. Puxei Vicky para que ficasse imóvel.
Depois de um momento que pareceu durar uma eternidade, ele guardou a arma e se afastou, desaparecendo na escuridão da noite.
O som dos seus passos foi engolido pela chuva que caía cada vez mais forte.
Ficamos ali, imóveis, o medo nos prendendo no lugar. Meu coração batia tão forte que chegava a doer.
Eu queria gritar, mas o pânico me sufocava. Vicky estava em choque, os olhos arregalados de puro terror.
Finalmente, ela consegui soltar um suspiro trêmulo e puxei Vicky para longe da cena, nossos passos apressados e desajeitados pelo beco molhado.
— Elena, o que a gente acabou de ver? - Vicky sussurrou, a voz cheia de pânico. — A gente precisa sair daqui. Agora!
— Eu sei - respondi, tentando controlar o medo que ameaçava me travar. — Mas temos que ser cuidadosas. Não podemos deixar que nos vejam.
Corremos sem olhar para trás, a chuva encharcando nossos casacos e cabelos. Eu estava em estado de choque também, mas sabia que não podíamos parar.
Tínhamos acabado de testemunhar um assassinato, e a realidade disso me atingiu como uma tonelada de tijolos. É muito comum em Chicago que as pessoas desapareçam pelos mais variados motivos.
Eu não quero ser uma delas.
Ninha Cardoso
Obs: Este é um romance dark, com passagens mais agressivas. Diferença de idade. Conflitos emocionais.
Parte 128...Elena— Você voltou... - Vlad quebrou o silêncio, a voz baixa e rouca, cheia de uma emoção contida que ele parecia lutar para controlar.— É... Eu voltei - respondi, tentando soar firme, mas a suavidade em meu tom traiu o que eu realmente sentia.Olhamos um para o outro por mais um momento, como se estivéssemos medindo o quanto cada um de nós havia mudado. Ele estava mais magro, os traços do rosto mais marcados, mas seus olhos, aqueles olhos que sempre pareciam ver através de mim, estavam mais suaves, quase... Saudosos. Mas havia algo de diferente neles, algo mais contido, como se ele estivesse esperando por mim, sem querer pressionar.Ele deu um passo à frente, hesitante, como se estivesse com medo de fazer algo errado. Suas mãos tocaram de leve meus braços, e foi como se uma corrente elétrica passasse entre nós dois.O toque dele, apesar de familiar, parecia novo. Mais delicado. E, por um momento, tudo o que eu queria era me jogar em seus braços, mas me segurei.— Voc
Parte 127...ElenaQuando Vlad recebesse meu e-mail, eu não sabia o que esperar. Depois de tanto tempo, tantas palavras não ditas, e uma distância que nos separava mais do que apenas quilômetros, sua resposta poderia vir de várias formas. Eu não o conhecia o suficiente para saber que poderia ter mudado de ideia ou não, mas mesmo com toda a sua intensidade, ele tentaria ser direto. Vlad sempre foi uma pessoa complicada. E eu não estaca realmente ligada nele para captar suas mudanças. Mas isso foi antes.Então, quando a resposta finalmente chegou, meu coração disparou ao ver seu nome na caixa de entrada. Abri o e-mail devagar, como se o tempo estivesse em câmera lenta, e comecei a ler.Assunto: Eu estive esperando por issoElena,Ler suas palavras me trouxe um alívio que eu não esperava. Todo esse tempo, tudo o que eu queria era entender como você estava, o que estava sentindo. Eu tentei te dar espaço, porque sabia que você precisava disso. Mas isso não quer dizer que tenha sido fácil
Parte 126...Algum tempo mais tarde...ElenaO ano no Canadá me mudou de maneiras que eu não esperava. Quando saí de Chicago, estava perdida, sufocada pelas circunstâncias e pelo caos que era minha vida com Vlad. A distância me fez enxergar tudo com mais clareza e me deu a coragem que antes me faltava para olhar para dentro e reconhecer o que realmente importava. Mas, acima de tudo, a distância me deu algo ainda mais valioso: a habilidade de fazer escolhas conscientes e de estabelecer limites.O Canadá foi meu refúgio, mas também meu laboratório emocional. Eu estava sozinha, sem a constante presença de Vlad, ou de Vicky, e isso me forçou a confrontar minhas inseguranças. No começo, os dias eram longos, e as noites, solitárias. Eu me pegava andando pelas ruas de Vancouver com uma sensação constante de vazio, como se tivesse deixado uma parte de mim em Chicago. Passei muito tempo sentada em um banco à beira-mar, com o vento frio cortando minha pele, tentando processar tudo o que ha
Parte 125...Elena— Dimitri vai cuidar de você até o aeroporto. E já avisei Anton e Vicky. - Vlad continuou, voltando ao seu tom prático. — Vicky também está muito envolvida com Anton e parece que ele quer virar o guarda - costas pessoal dela - deu uma risadinha — Quem diria!A menção de Vicky me deixou um vazio maior. Sempre estivemos juntas em tudo, e agora, pela primeira vez, estávamos indo em direções diferentes. Era estranho, mas eu sabia que estava tudo certo. Nossa amizade sobreviveria a isso. Sempre sobreviveu.— Obrigada, Vlad! - disse, mais como um encerramento momentâneo do que qualquer outra coisa. — Por tudo.Ele me olhou por um longo momento, como se estivesse memorizando meu rosto pela última vez. E então, com um aceno breve e um olhar final, ele se virou e sumiu em algum canto da cobertura.O barulho da porta se fechando atrás dele ecoou na minha mente, e eu soube que era o fim. Ele não ia ser um emocionado, que me pediria para ficar. Não depois de outras tantas veze
Parte 124...ElenaArrumei minha mala com mais calma do que imaginei que teria. Cada peça de roupa dobrada com cuidado, cada objeto guardado, como se estivesse me despedindo de mais do que apenas um apartamento. A cobertura de Vlad era como uma jaula dourada, e, embora eu tenha me sentido protegida por ele em alguns momentos, agora estava claro que precisava de distância. tudo o que estou levando comigo eu consegui por causa dele, mas isso teve um preço. Por isso não me sinto desconfortável em deixar a cobertura levando comigo algumas coisas. De certa forma, isso é quase um pagamento por tudo o que passei ficando aqui.A noite anterior foi uma confusão de emoções. Conversamos um pouco e fizemos muito sexo... E agora uma despedida silenciosa. Sabia que Vlad não lutaria para me manter aqui. Ele era assim: controlado, ainda que uma parte dele estivesse triste. Dá pra sentir por seu modo de agir e falar. Pelo menos eu consigo entender um pouco dele.Quando terminei de arrumar minhas coi
Parte 123...Cinco dias depois....ElenaEu nem dormi. Tanto por minha ansiedade, quanto porque Vlad ficou em cima de mim o tempo todo. Literalmente.Nunca vi um fogo como esse. Ele parecia que estava explodindo de energia. Mas eu sei que isso é porque eu vou embora. Ele me deu um cansaço nessa cama. Inventou formas diferentes de fazer amor, não só no quarto do prazer, como ele se refere, mas em outros pontos da cobertura também. Ainda bem que eu usei o anticoncepcional, porque depois de tanto sexo, seria um milagre que eu não saísse dessa cobertura com pelo menos um par de gêmeos na barriga.Vlad parecia estar insaciável. Não sei se isso foi intencional, para querer me provar algo, ou se ele realmente está se sentindo triste com minha partida.Me viro para ele, deitado de lado, o lençol enroscado entre suas pernas. Observo melhor seu corpo agora. Suas costas largas, com uma tatuagem grande na coluna e algumas cicatrizes em volta.Suspirei e apoiei a cabeça de lado na mão, olhando se
Último capítulo