Na manhã seguinte, a casa Mayer despertava ainda envolta na névoa suave do amanhecer. A luz pálida do sol filtrava-se pelas cortinas da cozinha, tingindo o chão de listras douradas. Um aroma acolhedor de café recém-passado começava a tomar conta do ar, misturado ao som leve de utensílios sendo manuseados com cuidado.
Eleonor, de avental simples sobre o vestido claro, estava de pé junto ao fogão. Seus movimentos, antes rígidos, agora tinham uma estranha calma. Mexia a massa das panquecas em silêncio, concentrada, enquanto a chaleira soltava os primeiros suspiros de fervura.
Catarina entrou descalça na cozinha, com os cabelos ainda um pouco desalinhados do sono. O coração batia rápido, como se temesse ter sonhado a conversa da noite anterior.
— Tia...? — chamou com cautela, os olhos arregalados.
Eleonor virou-se parcialmente, sem parar de mexer a massa.
— Ainda é cedo para estar de pé — disse, num tom neutro, mas não áspero.
— É o meu horário habitual — respondeu Catarina