Ando ao lado de Kobayashi, passos lentos, sentindo o peso das palavras de Isabela ainda pulsando na minha mente. O corredor é um túnel frio, silencioso, exceto pelo murmúrio abafado que escapa de portas entreabertas. Não trocamos uma palavra. Não sigo para a sala de observação como deveria. Não agora.
Preciso de ar. Preciso pensar.
Desvio para o lado oposto, sozinho, ignorando o burburinho distante. Cada passo é acompanhado pela mesma pergunta, martelando sem piedade: Que projeto é esse? Raul e Eva… juntos. A imagem dos dois, lado a lado, é tão absurda quanto ameaçadora.
Eva sempre falou desse tal “projeto de caridade” como quem dá pistas medidas. Nunca detalhes. Só fragmentos. Hoje cedo, no café da manhã, disse que estava quase terminando. E agora tenho a lembrança do medo nos olhos de Isabela quando mencionou “pessoas grandes” envolvidas nisso. Gente poderosa. Gente que se move nas sombras, onde acordos são costurados no silêncio e corpos somem sem deixar rastro. O tipo de gente que