O som do despertador me acorda.
Desperto lentamente com os raios de sol atravessando a cortina semiaberta e iluminando o quarto. Eva não está, mas os lençóis ainda carregam o perfume dela. O ambiente permanece o mesmo — os móveis de madeira escura, o papel de parede sóbrio, as roupas jogadas sobre a poltrona florida — mas algo me parece diferente. Uma ausência sutil, um vazio difícil de nomear. Talvez seja a falta da presença dela.
Me viro na cama e meus olhos encontram a pasta do Da Vinci, exatamente onde deixei na noite anterior. O gosto amargo do dia anterior retorna de imediato, e em questão de segundos, o mesmo nome domina meus pensamentos: Kate. Ela surge como um fantasma que não me abandona. Mesmo que meu corpo ainda carregue os vestígios da noite com Eva, é o passado que insiste em me assombrar — como uma tortura incessante no purgatório.
Levanto, vencido pelo peso da consciência mais do que pelo alarme. O frio da madeira toca meus pés, e por instantes apenas observo o quarto