Rafaella desceu os últimos degraus da entrada com passos firmes. Ao avistar o carro de Bruno estacionado à frente da casa, não viu o habitual motorista. Aproximou-se e abriu a porta do passageiro sem esperar que ele saísse.
— “Hoje não vamos com motorista?” — ela perguntou, acomodando-se e cruzando as pernas com elegância.
Bruno, ajeitando o retrovisor, respondeu sem tirar os olhos da frente:
— “Joaquim precisou resolver uns assuntos no fórum. Achei melhor não esperar.”
Rafaella o encarou por um segundo, tentando decifrar o que havia por trás daquela praticidade repentina.
— “Então você mesmo vai dirigir?”
— “Como nos velhos tempos.” — ele respondeu, com um sorriso discreto nos lábios.
Ela não respondeu. Apenas virou o rosto para a janela e murmurou:
— “Vamos logo com isso.”
A cidade passou pelas janelas do carro em silêncio. O trânsito parecia diferente naquele lado da cidade. Menos patrulhado, mais sujo, cheio de cicatrizes. Rafaella ajeitou discretamente a bolsa, certificando-se de