A noite se deitava sobre a sede dos Vors como um véu azul, salpicado pelas primeiras luzes da cidade ao longe. O terraço principal, aberto ao vento, servia de palco para mais uma recepção de aliados. Narelle, impecável em um vestido negro que realçava sua autoridade serena, conversava com líderes de dois clãs menores. Rhaek, discreto, mantinha-se à margem, observando com a mesma atenção fria com que avaliava território.

Elara estava ali também. A princípio, quase invisível — uma sombra jovem ao fundo do salão. Mas havia algo nos seus movimentos que traía invisibilidade: o modo como segurava a taça de vinho com dedos longos e firmes, como se cada gesto tivesse sido ensaiado para ser natural. Era cálculo, mas parecia descuido.

Rhaek a notou quando ela riu de leve com um grupo de lobas, o som claro cortando o ambiente como sino de cristal. Não era um riso alto nem ostensivo — era o bastante para virar cabeças. Ela levantou o olhar um instante, e os olhos azuis, luminosos sob a meia-luz,