A estrada até a serra parecia interminável, cercada por árvores que se fechavam sobre si mesmas como se quisessem engolir o carro. Kalil dirigia em silêncio, a mão firme no volante, o olhar fixo à frente. Zarah, ao lado, deixava a cabeça encostada no vidro, observando o reflexo do próprio rosto misturado às sombras do caminho.
— “Você ainda não me disse o porquê de me trazer aqui,” ele murmurou, quebrando o silêncio.
Ela virou o rosto, um sorriso enviesado nos lábios.
— “Porque você precisa lembrar que existem coisas além de guerra, de empresas, de sangue. Aqui não há Vorns, nem passado, nem futuro. Só nós.”
Ele arqueou uma sobrancelha.
— “E caçar?”
— “Caçar também. Mas não só cervos ou javalis. Quero caçar nossas sombras, Kael.”
O nome verdadeiro caiu como um peso, e ele respirou fundo, sem corrigi-la.
A cabana surgia ao final de uma trilha, cercada por pinheiros altíssimos. Luxuosa, com grandes janelas de vidro, lareira acesa antes mesmo de entrarem, peles jogadas sobre sofás de cou