O apartamento estava em silêncio. O tipo de silêncio que não conforta — que aperta o peito e faz a mente gritar.
Zarah sentou-se no chão da sala, de costas para o sofá, as pernas dobradas, o olhar perdido na janela. O céu escuro parecia pesar sobre a cidade, e ela sentia como se carregasse o mesmo peso nos ombros.
Kael tinha ido embora há poucas horas, mas sua presença ainda estava ali. No lençol amassado, no cheiro dele que se misturava ao seu próprio perfume, no calor que teimava em permanecer na pele.
E, principalmente, na pergunta que ele deixara pairando no ar.
”Está disposta a voltar?”
Ela abraçou os joelhos, como se pudesse se encolher até desaparecer.
Não sabia.
Não sabia de nada.
Passara anos se reconstruindo, pedaço por pedaço, em cirurgias dolorosas, mudanças de identidade, psicólogos que a incentivaram a não olhar para trás. Não era mais Callista — a mulher que ajoelhava aos pés de Rhaek para tentar ser ouvida, a que tolerava insultos de lobos mais velhos porque o cargo ex