A neve caía em redemoinhos finos sobre o pátio do Conservatório. A estrutura de pedra escura parecia cravada na montanha como um segredo antigo. Luxor, envolto no casaco grosso, desceu do carro sem olhar para trás.
Lá dentro, tudo era silêncio. Vozes sussurravam nas paredes, mas ninguém falava alto. Filhos de alfas caminhavam como sombras, olhos baixos, passadas medidas. Não se tocavam. Não sorriam. O Conservatório era um campo de disciplina, mas também de observação. E Luxor sabia disso antes mesmo de chegar.
No quarto que lhe designaram, uma parede inteira era espelho. Ele ficou diante dela por longos minutos, sem se mexer. Depois, tirou o casaco. As marcas no braço esquerdo, até então escondidas, estavam mais visíveis agora — não eram hematomas, nem arranhões comuns. Eram padrões. Como se algo tivesse sido desenhado na carne com garras.
No centro da figura — uma espiral.
Ele encostou os dedos na pele, depois no espelho. E algo respondeu do outro lado. Não com som, mas com calor. O