Narelle passou o dia fingindo que não se importava.
Fingindo que as flores que ele mandara não pesavam como correntes ao redor do pescoço.
Fingindo que não se lembrava do jeito como Mila tocara o braço dele — como quem reivindica algo que nunca deixou de lhe pertencer.
Mas quando a noite caiu sobre a mansão dos Vorn, fingir virou tortura.
Ela subiu as escadas em silêncio, sentindo o coração disparar a cada passo pelo corredor amplo, com retratos de alfas antigos observando-a das paredes. O quarto dele estava iluminado por uma única lâmpada. O cheiro de Rhaek impregnava tudo — couro, sândalo, fumaça.
Ele estava junto à janela, só de calça escura, os cabelos úmidos, como se tivesse acabado de tomar banho. Não pareceu surpreso ao vê-la. Só virou o rosto, estudando-a como quem avalia um inimigo ou uma presa.
— Veio discutir? — perguntou, a voz neutra.
Ela fechou a porta devagar.
— Vim porque não suporto essa tua serenidade insolente. Esse teu orgulho nojento.
Ele ergueu uma sobrancelha.
—