Narelle passou o dia inteiro na empresa sem conseguir manter a fachada de neutralidade que tanto prezava. Tudo parecia ressoar com as palavras dele — Seis pés abaixo do que já foi — como se fosse uma maldição repetida em cada gesto, em cada olhar indiferente.
Quando entrou na sala de projetos, encontrou as duas ômegas espanholas sentadas perto da janela, rindo baixinho. Assim que a viram, silenciaram, mas era tarde demais. Narelle já sabia que riam dela.
— Algum problema? — perguntou, cruzando os braços.
A menor das duas, uma loura de cabelo curto, ergueu as sobrancelhas com falsa inocência.
— Nenhum. Só comentávamos como algumas pessoas parecem esquecer o lugar que ocupam.
— O lugar? — Narelle inclinou a cabeça, a voz baixa. — Quer dizer que vocês têm lugar melhor que o meu?
— Não melhor — disse a outra, sorrindo com doçura venenosa. — Só mais claro. Sabemos quando baixar a cabeça. Quando abrir as pernas. E quando fechar a boca.
O sangue subiu-lhe ao rosto, mas ela não cedeu.
— Curios