A Fêmea Do Raag

A lua estava crescente quando Dora sentiu o primeiro enjoo. Não era forte — mas vinha com uma náusea morna e uma estranha vertigem. Ela, que sempre soubera o ciclo do próprio corpo como quem conhece o cio, agora sentia algo diferente.

Era como se a alma estivesse se ajeitando por dentro.

Dias depois, o ventre começou a pesar. Ainda discreto, mas firme. As mãos buscavam instintivamente aquela curva nova — não para se proteger, mas para reconhecer.

E foi ali, naquela nova pele esticada, que começou a transformação de Raag.

O lobo rude que por anos voltara para casa com fúria no olhar agora olhava a mulher deitada e via algo mais. Um lar. Um altar. Uma loba prenha de sua semente — e sua redenção.

A casa cheirava a fumaça, hortelã e couro velho. Raag chegou da caça como sempre, espada às costas, mãos calejadas. Mas não gritou. Não bateu a porta. Apenas entrou.

Dora estava sentada à luz do fogo, os cabelos presos num coque frouxo, a túnica larga revelando o inchaço dos seios e o ventre já
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