MOSCOU, RÚSSIA.
A neve caía lenta e densa sobre Moscou, cobrindo as ruas, os telhados e o mundo com uma capa de gelo silenciosa. Mas dentro da mansão Petrov, o frio não vinha do clima lá fora. Vinha do cheiro de sangue coagulado, da presença da morte e do ar que parecia cortante como vidro. A sala principal, ampla e luxuosa, de colunas brancas e piso de mármore negro, já não exalava poder nem ostentação. Exalava morte.
No centro do salão, ladeadas por quatro homens armados, repousavam duas caixas pretas de metal. Reforçadas, lacradas com argolas de titânio, manchadas de sangue. O brasão da Dita d’Acciaio havia sido queimado nas tampas: uma caveira coroada entre duas serpentes. Um aviso. Uma sentença.
Viktor Petrov estava de pé diante delas. Alto, de ombros largos e traços cortantes como navalhas, vestia um terno negro, impecável. Mas havia sangue em suas mãos. E não era o sangue dos corpos dentro das caixas. Era o sangue da culpa, da perda, do erro. De ter agido sem pensar.
Quando os