O Despertar
Mas, então, algo mudou.
Foi numa manhã cinzenta que Ava abriu os olhos.
Uma leve pressão em seus dedos. Um reflexo quase imperceptível, mas Matilde percebeu.
— Ava? Sua voz quebrou o silêncio do quarto.
Os olhos de Ava se moveram sob as pálpebras. Um suspiro vacilante escapou de seus lábios ressecados.
A campainha de emergência foi pressionada, e em segundos os médicos entraram apressados.
— Ava, se puder me ouvir, tente abrir os olhos. Disse o dr. Caleb, enquanto ajustava os aparelhos.
Foi um esforço tremendo, como se estivesse puxando uma corrente pesada do fundo do oceano. Mas, lentamente, Ava abriu os olhos.
A luz a cegou por um momento. O mundo pareceu um borrão indistinto de formas e sombras. Seus lábios se moveram, mas nenhum som saiu.
— Você está segura, querida. Você sobreviveu. A voz de Matilde era pura emoção, os olhos marejados de lágrimas.
Ava piscou, tentando absorver o que acontecia. O torpor ainda dominava seu corpo, mas a dor... Ah, a dor era real. Est