Laços e Armadilhas
O vento soprava forte naquela manhã de terça-feira, carregando as últimas folhas do outono pelas calçadas do bairro arborizado.
A casa de Matilde estava aquecida, envolta em um aroma de bolo de fubá recém-saído do forno. Ava, com uma xícara entre as mãos, observava a chuva miúda que começava a cair, sentindo o bebê se mexer suavemente em seu ventre.
— Já está se preparando para as manhãs de inverno Disse Matilde, sorrindo, enquanto colocava mais lenha na lareira.
— Vai chegar quando tudo florescer de novo.
— Assim espero. Ava passou a mão no ventre, absorta.
— Não consigo parar de pensar em tudo o que está acontecendo. Parece que o tempo parou só para que a gente descubra o que está errado e conserte.
— E você vai conseguir. Matilde disse com convicção.
— Caleb está do seu lado. Helena está. E eu estarei até o fim.
Enquanto isso, na clínica, Caleb revisava os áudios gravados do escritório de Francine. Vozes abafadas, risos calculados, algumas frases cortadas.