Luzes no Quarto Azul
UMA SEMANA DEPOIS…
Ava estava sentada na poltrona da varanda, envolta por um xale de crochê feito pela tia Matilde. A tarde caía lentamente, tingindo o céu com tons de lavanda e dourado, e o aroma do bolo de milho recém-saído do forno pairava no ar como um abraço de infância.
A barriga começava a tomar forma, ainda discreta sob o vestido florido, mas suficiente para que Ava passasse as mãos sobre ela com carinho e espanto. Cada batida de seu coração agora era por dois.
A casa em que morava com Matilde era simples, mas viva. As paredes guardavam risos e memórias, e as janelas sempre abertas deixavam entrar o cheiro da hortelã que a tia cultivava nos vasinhos de barro.
A cozinha era o coração do lar: Panelas penduradas, toalha bordada, frascos com temperos caseiros e a chaleira sempre no fogão. Tudo pulsava com vida doméstica.
Matilde apareceu na porta, limpando as mãos num pano florido.
— Está escutando os passarinhos, minha flor? Perguntou com doçura, os olhos