Primeiras Raízes
O cheiro de madeira molhada me recebeu antes mesmo de cruzar a porta do ateliê. Respirei fundo, como se o aroma pudesse me ancorar naquele momento.
Era reconfortante o perfume da criação, da paciência e da permanência.
Cheguei mais cedo do que deveria, mas Caio já estava lá.
Ele se curvou sobre uma tábua de cedro, lixa em mãos, movimentos firmes e cuidadosos. A luz da manhã atravessava a janela e desenhava sombras suaves em seu rosto.
Fiquei observando por alguns segundos, silenciosa, tentando entender por que aquele lugar me acalmava tanto.
— Ei! Falei baixinho.
Ele ergueu os olhos e sorriu. Um sorriso sem pressa, daqueles que aquecem antes mesmo de encostar.
— Você chegou cedo.
— Tive vontade de vir. Ontem, foi um dia importante. Estiquei a mão com a imagem do ultrassom.
— Quis te mostrar.
Ele largou a lixa e veio até mim, pegando a folha como se fosse algo sagrado. Seus olhos correram pela imagem em preto e branco, e então pousaram nos meus.
— Isso aqui… é fort