A manhã na mansão Monteiro nasceu com o som de passos apressados e vozes misturadas. Floristas subiam e desciam as escadas, garçons traziam caixas de champanhe, e o aroma adocicado de rosas invadia os corredores. Vicente andava de um lado para outro no salão principal, dando ordens a cada um com a precisão de um diretor de cena.
— Quero luzes em cada mesa, cortinas novas, e as orquídeas só nas laterais. — dizia, a voz firme, o olhar inspecionando cada canto. — Hoje não pode haver falhas. Nenhumas.
Mariana, a mãe dele, o observava de longe, sentada na poltrona principal como uma rainha em seu trono. O cabelo perfeitamente arrumado, as joias discretas, o perfume caro. Quando Vicente passou por ela, Mariana o deteve com um leve movimento de mão.
— Está tudo bonito, meu filho, mas espero que esta recepção não seja mais uma de suas loucuras para consertar o que não tem conserto.
Vicente sorriu, inclinando-se para beijar-lhe a mão. — Não se preocupe, mãe. Hoje todos verão o que precisam ver