O sol entrou pela manhã como que pedindo licença àquela casa imensa. Pelas janelas altas da mansão Monteiro, a cidade parecia distante, uma pintura elegante além dos vidros. Mas, para Alexia, nada do que havia ali significava liberdade. O mármore, os candelabros, os corredores amplos eram a moldura de uma prisão onde aprendia a respirar por conveniência.
Vestiu-se com calma, escolhendo um vestido discreto, de tecido macio, para não chamar atenção. Prendeu o cabelo numa trança frouxa. Olhou o próprio rosto no espelho e buscou ali uma mulher que ainda soubesse lutar. O olhar, porém, denunciava noites mal dormidas e um cansaço que era mais do que físico.
A voz de Célia interrompeu seus pensamentos. A babá surgiu no batente, Norabel nos braços, as duas radiantes como se nada na casa pesasse sobre elas.
— Mãe, vem brincar! — exclamou a menina, chutando os sapatinhos, já sonhando com o jardim.
Alexia sorriu com força. — Vou já, minha pequena.
Célia deixou-a com a filha, e por um instante a