A semana passou depressa. O assunto da foto ainda ecoava pelos corredores da Vascon, mas Clara fingia que não ouvia. O plano estava funcionando — talvez até bem demais. Henrique, por outro lado, parecia se divertir com tudo. Sempre aparecia com um comentário espirituoso, um gesto ensaiado, um toque rápido demais para ser apenas atuação. Na manhã de sexta-feira, ele entrou na sala dela com aquele ar de quem já sabe que vai mudar o rumo do dia.
— Arruma as malas, chefe. Temos uma reunião em Belo Horizonte amanhã cedo.
Clara levantou o olhar, desconfiada.
— Amanhã cedo? E você me avisa hoje?
Henrique sorriu, aquele sorriso controlado que escondia intenções.
— Pensei que você gostasse de surpresas.
Ela bufou, mas havia um brilho divertido nos olhos. — Não se acostume.
O voo foi tranquilo, apesar do silêncio que se instalou entre eles no início. Clara tentava manter a postura profissional, mas Henrique era especialista em quebrar defesas.
— Sabe o que percebi? — ele começou, olhando pela j