Gabriel virou a cabeça e sorriu para mim:
— Foi o George me quem disse. Na época em que vocês se casaram, ele parecia alguém que vivia reclamando, sempre vinha até mim afogar as mágoas na bebida. Dizia que você adorava ir a bares, que era festeira, que sua cabeça estava sempre voltada para o mundo lá fora e que, em casa, você não estava nem aí.
Senti um certo desânimo.
— Ele não poupava críticas sobre mim na sua frente, né?
— Hahaha, não é bem assim. — Gabriel virou o pescoço de um jeito exagerado, e disse. — O cheiro de bebida e cigarro dentro de um bar é bem mais forte do que esse nosso cigarrinho aqui fora. Você aguenta o fedor de bar, mas não consegue suportar o nosso? Ou será que, Valentina, é você que não vai com a nossa cara?
Olhei pela janela com resignação. Aquele Gabriel falava mesmo sem freio.
Como ele contava tudo para o George, eu não ousei dizer uma palavra sequer sobre a gravidez.
Respondi com indiferença:
— Não gosto mais desses cheiros. Olha só, quando foi que você me