Selene
O salão do conselho parecia mais frio do que nos outros dias. Talvez fosse só impressão minha, mas as tochas ardiam baixas e o cheiro de lenha molhada vinha de algum canto. Havia tanta gente que mal se distinguia onde terminavam os anciãos e começavam os representantes do povo.
A mesa longa, de carvalho escuro, estava coberta por mapas, marcas de faca e xícaras de barro. O som dos passos ecoava de forma que cada entrada parecia uma acusação.
Respirei fundo e entrei com a cabeça erguida. Senti olhares grudando no meu rosto, na marca nos ombros, no cabo da adaga. Alguns homens se levantaram em sinal de respeito. Outros desviaram o olhar.
Entre as colunas, percebi Damian parado com os braços cruzados, sério, Damon, encostado perto da janela alta, me observava daquele jeito dele, calmo e perigoso. Nunca sabiam muito bem onde ficar quando o assunto era “conselho e Selene” e, mesmo assim, eles sempre apareciam.
O ancião de túnica cinza bateu o cajado no chão para começar.
— A reuni