Damian
Levei Selene até o campo de treinamento logo após a alvorada. O ar ainda cheirava a ferro molhado e suor, e o som das espadas batendo ecoava entre as muralhas como hino da casa. Os soldados já estavam lá, alinhados em duplas, repetindo golpes básicos.
Quando nos viram entrar, o movimento hesitou. A filha de um rei morto não era bem-vinda sem prova, e cada olhar lançado sobre ela trazia a mesma pergunta: o que faz aqui?
Blazer, meu lobo, vibrou dentro de mim, atento.
— “Vai ser medido com ela. Não recue.”
— Não recuo nunca. — respondi — Hoje vocês treinam com ela. — anunciei — Selene precisa aprender a lutar como uma de nós, não como princesa protegida. — Fiz uma pausa, deixando o silêncio pesar — Quem duvidar, pode sair do campo. Mas quem ficar, vai respeitar.
Ninguém se moveu. Havia desconfiança, claro, mas nenhum ousou dar as costas ao rei do dia.
Selene deu um passo à frente. O vestido de linho que ela usava ontem foi trocado por calças de couro leves e uma túnica simples.