Selene
A torre pediu meu passo antes que a lua estivesse alta. Subi com a respiração controlada, a mão roçando o corrimão de ferro, a adaga no lugar de sempre. Eu não tinha medo da noite, eu a conhecia. E, mesmo assim, meu corpo tremia, não de recuo, de espera.
A porta estava aberta. O salão me recebeu com as correntes imóveis, o mapa no centro, as runas em fogo baixo. Damon estava de costas, a janela recortando o perfil. Sem camisa. A linha das costas era um convite e uma ameaça.
— Demorou. — disse, sem frieza, sem calor.
— Fizeram de mim sentença de dia. — respondi, aproximando-me — Vim cobrar a de noite.
Ele se virou. A boca dele curvou num quase sorriso de guerra.
— A noite não promete. Cumpre.
Deu dois passos, e eu fui até o encontro. Não houve cumprimento, protocolo, saudação. Houve choque, sua mão na minha cintura, a outra no meu maxilar, minha mão na nuca dele, a outra prendendo seu antebraço. O beijo veio duro, possessivo, e, ainda assim, preciso. Não havia pressa cega, havia