Damian
Quando a porta fechou e ficamos apenas nós e o eco do que foi dito, percebi que meu punho doía de tanto segurar nada. Soltei.
— Você foi correta. — falei, simples.
— Eu fui eu. — ela devolveu — Pela primeira vez desde o altar.
Isso me atravessou num lugar que ninguém chega. O dia, enfim, soube quem servia.
Saímos do conselho por um corredor estreito que desemboca na sala do trono. Não gosto de usá-la, prefiro as varandas e o pátio, mas naquele minuto era o lugar de pedra que eu precisava, uma sala alta, dois vitrais, uma cadeira que mais pesa do que senta, e paredes que aprenderam a guardar segredos de voz alta.
Fechei a porta com o calcanhar. Selene deu meio passo para a frente, eu a alcancei pela cintura antes que o resto do corpo dela lembrasse do conselho. Virei-a de costas para a parede, um gesto preciso, treinado, e a pressão da pedra atravessou seu linho até a pele. Blazer avançou um passo dentro de mim.
— “Ela falou por nós. Honre com o corpo o que você jurou com a boca