Flávia
A música envolvia tudo, pulsando no peito, vibrando sob os pés.
Aline me puxou para o meio da pista, animada como sempre. No começo, meus movimentos eram hesitantes—meus passos discretos, como se eu ainda estivesse tentando me adaptar àquela energia.
Mas, aos poucos, algo mudou.
A batida intensa, a eletricidade no ar, o jeito que as luzes coloridas dançavam ao nosso redor—tudo parecia me dizer que eu poderia simplesmente deixar ir.
E, pela primeira vez em muito tempo, eu me permiti.
Fechei os olhos por um instante e senti a música me guiar. Meu corpo se movia sem pensar, com leveza, sem preocupação. Uma sensação de liberdade tomou conta de mim, como se eu estivesse redescobrindo algo que tinha esquecido.
Eu ri, espontaneamente, sem motivo. Apenas pelo prazer daquele instante.
Então, num giro despreocupado, esbarrei em alguém.
— Desculpa! — disse rápido, virando-me para encarar a pessoa.
E quando levantei o rosto, vi que era Ricardo.
O tempo pareceu desacelerar por um segundo. E