Ricardo
A manhã corria tranquila no escritório. Eu estava mergulhado em contratos e pareceres, resolvendo um ponto aqui, ajustando outro ali. Nem percebi o tempo passar. Quando levantei os olhos, senti a necessidade de me esticar um pouco e buscar algo para comer ou beber.
Passei pela mesa de Flávia, já no hábito de sempre trocar uma palavra rápida com ela, mas percebi que não estava lá. Estranhei. Sabia que ela tinha bastante coisa acumulada, mas nunca ficava tanto tempo longe.
Resolvi ir até a copa.
Quando empurrei a porta, o sangue ferveu nas minhas veias.
Celso estava perto demais dela. Perto o bastante para que a cena fosse clara demais: a mão dele em seus cabelos, puxando-a para si.
Senti um ódio instantâneo, daqueles que não se controla, que sobe do peito como uma chama.
— Larga ela agora! — minha voz ecoou mais forte do que eu mesmo esperava.
Ele sequer teve tempo de reagir. Avancei, agarrei-o pelo colarinho e, com toda a força que o impulso me deu, acertei um soco no rosto de