Flávia
Raiva. Essa era a palavra que me definia naquele momento.
Primeiro, a apreensão com a possibilidade de Ricardo, mesmo que por um segundo, duvidar de mim. Depois, a incredulidade ao ouvir dele aquela pergunta absurda: “O que ele fez?”
Como assim? Ele viu. Ele estava lá. E, ainda assim, me fez sentir como se eu precisasse justificar algo que jamais poderia ser colocado em dúvida.
Peguei minhas coisas no escritório de qualquer jeito, com as mãos trêmulas, e saí antes que as lágrimas de raiva caíssem na frente de alguém. Passei o caminho inteiro remoendo a cena, sentindo as mãos de Celso ainda em meus ombros como se fossem uma marca indesejada, como se tivesse deixado uma sujeira grudada em mim. Busquei Caio na escola e tentei me agarrar ao sorriso dele, ao jeito como me contou sobre o dia. Mas nem mesmo o riso do meu filho foi suficiente para espantar a sensação de invasão que eu sentia.
Em casa, tentei manter a rotina, inventei uma brincadeira para que Caio fosse para cama mais l