Capítulo 62

A manhã começou com chuva fina e jazz instrumental baixinho no fundo do ateliê.

Clara sentou-se diante do computador com uma caneca de chá e o caderno de bilhetes aberto ao lado.

As primeiras páginas do livro estavam começando a tomar forma.

Mas ela ainda hesitava.

Escrever sobre o que viveu era como tocar cicatrizes com as pontas dos dedos — você sabe que já não dói, mas sente mesmo assim.

No título provisório, digitou:

INTERVALO – o que ficou quando tudo parou

E abaixo, começou a escrever:

“Este não é um livro sobre perda.

É sobre o que ficou depois.

É sobre pausas que viraram ponte.

E sobre amor que continuou mesmo quando ninguém lembrava o começo.”

Ela parou.

Leu em voz alta.

Depois pegou um bilhete solto e colou com fita na borda da tela:

“Alguns sentimentos não precisam ser relembrados.

Eles apenas continuam.”

À tarde, ela recebeu uma ligação de Gus.

— Minha escritora favorita já tem prefácio?

— Ainda não.

Não sei se quero.

— Então ouve isso:

‘Este livro é uma galeria portátil.

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