A porta do apartamento se fechou devagar atrás deles.
Clara tirou os sapatos no corredor, deixou o casaco escorregar pelos ombros e soltou um suspiro que era metade cansaço, metade alívio.
— Meu Deus.
Aconteceu — disse ela, baixinho.
— Aconteceu — Noah confirmou, abrindo os braços e girando lentamente pelo corredor como se ainda não acreditasse que tudo aquilo foi real.
Ela se jogou no sofá.
Ele foi até a cozinha e voltou com uma garrafa de vinho tinto e duas taças.
— Estamos celebrando?
— Estamos vivos, inteiros e um pouco mais poéticos do que de costume.
É o mínimo que a gente merece.
— É cabernet?
— É o que sobrou da última vez que a gente acreditou no amanhã.
Ela sorriu, aceitando a taça.
— Tão bonito quanto um bilhete colado na geladeira.
— Ou uma espiral que nunca termina.
Eles brindaram.
E beberam devagar.
A sala estava levemente bagunçada.
Alguns livros fora do lugar, um pincel esquecido sobre o aparador, uma manta caída do sofá.
Mas Clara olhou tudo com ternura.
Era a bagunça