A luz da manhã entrava macia pela janela do ateliê.
Clara estava sentada no chão, com os joelhos dobrados e dezenas de cartões de papel kraft espalhados ao redor com pincéis, canetas e tiras de fita adesiva ao alcance da mão.
Aos poucos, ia escrevendo os bilhetes que seriam espalhados pela galeria — não como legendas, mas como suspiros.
Alguns vinham prontos.
Outros pareciam tímidos, esperando que a tinta encontrasse a coragem certa.
“Toda ausência carrega um nome que a gente ainda não desaprendeu.”
“Quando o amor se esconde, ele só muda de roupa.”
“Você está aqui. Mesmo se não souber disso ainda.”
Clara escrevia sem pensar demais.
Deixava que as mãos falassem por ela, como sempre fizera.
Na mesa, ao lado da xícara de chá morno, um bilhete antigo de Noah estava esticado, como companhia:
“Se o mundo tremer, lembra:
você é o único lugar onde eu sempre fico.”
Ela leu de novo.
E colou na última tela que ainda aguardava nome.
Sol apareceu no fim da manhã com uma sacola de croissants e um s